Futsal com motivos para sorrir?

Tomei a liberdade de colocar aqui a opinião de uma pessoa que tem tido uma enorme importância na divulgação do Futsal na comunicação social local...

É com alguma dose de preocupação que vejo o decorrer deste início de defeso.

A época foi positiva para uns e negativa para outros - uma verdade comum -, mas parece que mais do que nunca aparecem clubes a desistir numa modalidade que parece ter cada vez menos futuro.

Quando este espaço começou, arrancou pela paixão a uma modalidade em crescendo. Hoje, volvidos apenas seis anos, a modalidade em Portugal ganhou notoriedade, somos vice-campeões da Europa de selecções e campeões da Europa de Clubes (pelo Benfica). Feitos que deve, orgulhar as gentes do futsal, sejam elas de que cor forem.

No que diz respeito às equipas da AFC nos nacionais, lamento muito a Académica ter falhado a subida à 1ª, pois esperava vivenciar outra festa, uma vez que vibrei com a mais do que justa subida do S. João. Pena que a Granja do Ulmeiro não aguentasse a "maratona" e quebrasse, já o CRI Alhadense demonstrou que quem sobe da distrital não precisa de levar bilhete de "ida e volta", algo a que teve "direito" o Alfarelense.

A nível distrital, o Bruscos suplantou a concorrência na fase final, superando um Cernache que até venceu a primeira fase, mas depois soube que, porventura, a sua equipa sénior não teria espaço num clube que mudou de direcção. Mérito igualmente para o Vilaverdense que fez uma recta final notável.

A nível feminino, o Vilaverdense voltou a dominar a nível distrital (conquistou as três provas que disputou) e orgulhou a AFC na Taça Nacional. Nesta competição, mas no patamar de juniores está ainda o S. João que irá disputar a final, desejando-se a mesma sorte que já teve a Académica nesta competição. Nos juvenis, a Briosa oscilou e pagou a "factura" de uma distrital dividida em duas séries com muito poucas equipas.

Preocupam agora as desistências. No futsal feminino pode haver razia. Na formação muitos são os clubes a fazer contas e mesmo no patamar sénior as dúvidas mantêm-se até ao fim do mês, data limite das inscrições (sem multa).

Não vejo o futsal da mesma maneira, com a mesma confiança de há seis anos, mas mantenho a paixão e o desejo de que os clubes mantenham a aposta na modalidade.

Deixo ainda outra nota para os mais críticos. Quando pensarem em criticar os modelos competitivos da AFC, pensem que foram os clubes que aprovaram e podem alterá-los desde que em sede própria e não com críticas fora de contexto. Por outro lado, a arbitragem não vive dias de alegria. São poucos os árbitros para os muitos jogos que se realizam e desses serão ainda bem menos os que realmente têm noção que têm de aprender. Humildade é palavra-chave na sua progressão e bons exemplos há entre os árbitros do nosso conselho de arbitragem que serão bons exemplos a seguir. Voltando aos clubes, principalmente para quem semanalmente se diz perseguido pelos donos do apito, que também eles podem (têm a obrigação de) contribuir para a melhoria, nomeando candidatos a cada curso que seja lançado pelos órgãos competentes.

Uma "pequena defesa do diabo" que aqui deixo que não é mais do que um sincero apelo para que os clubes se unam e tornem o futsal distrital num espectáculo de melhor qualidade. Pois, resta recordar, que a AFC tem APENAS cinco equipas nos nacionais, contando com a subida de um representante da distrital.

Dando resposta ao título, penso que sim. Há motivos para acreditar num bom futuro para o futsal, desde que todos o queiram de verdade.

Ricardo Ferreira Santos

in Jornal Futsal